POR UMA QUESTÃO DE DECÊNCIA
Em condições normais não escreveria este post. No entanto, no seguimento das mais recentes medidas do Governo para combater o défice, julgo oportuno um comentário acerca das mesmas, bem como acerca de outros episódios recentes. Antes de mais, importa qualificar a atitude deste Governo como desonesta. Será possível que os mais que prováveis futuros governantes, quando andavam em campanha eleitoral a prometer mundos e fundos, desconheciam a verdadeira dimensão das nossas contas públicas!? Estamos a falar de tabus ou de segredos bem guardados a que só têm acesso os titulares das pastas depois de eleitos? Será que o Dr. Vítor Constâncio só agora foi empossado como Governador do Banco de Portugal? É evidente que não! Todos sabiam, ou deviam saber (as contas públicas são isso mesmo - públicas!) o estado em que as finanças nacionais se encontravam. Por esta razão, das duas uma, ou os actuais ministros são uma corja (desculpem a expressão, mas não têm outro nome!) de mentirosos e aldrabões, ou então são uma cambada de incompetentes! O que estes senhores fizeram foi de uma desonestidade muito grande, querendo fazer crer que tinham a lição bem estudada e que sabiam bem as medidas a tomar. A verdade é que a criação de 150.000 mil postos de trabalho, os 300.000 mil idosos que sonhavam sair do limiar de pobreza, os benefícios fiscais "rapinados" pelo Governo anterior que o Eng.º Sócrates prometeu repor, o crescimento económico... Enfim, as mais importantes promessas eleitorais deste Governo não vão ser cumpridas. E o nosso Presidente o que diz acerca do assunto - pede um esforço patriótico a todos os portugueses! Imagine-se, a mesma personagem que há bem pouco tempo vociferava que havia vida para além do défice tem o desplante de afirmar tal coisa. Como se não bastasse, hoje foram noticiados 2 casos que me arrepiaram e que me tiraram as poucas ilusões que eu ainda pudesse ter acerca da eventual seriedade deste Governo. Primeiro, parece que o Ministro das Finanças (sim, aquele que se lembrou de aumentar os impostos, diminuir os benefícios fiscais, congelar as carreiras na função pública, suspender os diplomas que possibilitam a reforma antecipada...) acumula o seu ordenado enquanto ministro com a reforma de 115 mil euros anuais referente à sua actividade profissional exercida no Banco de Portugal (se não é o Banco de Portugal é outra instituição pública qualquer). Em condições normais até seria mesquinho falar de tão dourada reforma. Agora, depois de serem exigidos sacrifícios grandes aos portugueses a todos os níveis, depois de nos ser pedido um esforço patriótico para endireitar as nossas finanças, parece-me no mínimo estranho que o ministro não tenha optado por suspender o pagamento de tal reforma. Foi igualmente noticiado que o Tribunal Constitucional decidiu renovar a sua frota automóvel, tendo dispendido cerca de 500.00 euros em automóveis para 13 juízes! Todos sabemos que o exemplo vem de cima, pelo que estou curioso por ver como é que o Governo vai lidar com a contestação social que aí vem no seguimento das mais recentes medidas de "contenção". Haja decoro!
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