quinta-feira, outubro 14, 2004

UM FUTURO PRÓXIMO

Enviaram-me este texto por mail, cujo autor desconheço:
"A Associação Não te Cales e Liberta a Mulher (ANCLM) solidária com Leonor Cipriano exige a mudança imediata da lei infame que manda as mulheres para a prisão, como aconteceu com a mãe da Joana, criminalizando o filicídio (morte provocada do filho/a) e o infanticídio. As portuguesas não são criminosas, o crime está na lei. As mulheres são responsáveis! Nenhuma mulher comete o filicídio de ânimo leve! As mulheres têm o direito de escolha, não podem ser obrigadas a permanecerem mães. Vai o Estado pôr um polícia ao lado de cada mulher?! Envergonhamo-nos de pertencer a um país que não respeita a dignidade das mulheres. As portuguesas merecem consideração e não que devassem as suas vidas e privacidade, as levem aos tribunais, as sentem nos bancos dos réus, as atirem para a prisão, enfim, as humilhem publicamente, escarrapachando os seus nomes nos periódicos, publicitando as suas caras nos telejornais.
A ANCLM denuncia a campanha histérica e obscurantista da Comunicação Social que não dá voz às mulheres e acirra más vontades e ódios contra elas. Mais censura a sua duplicidade de critérios: Aquando do filicídio na forma de aborto dá-nos larga audiência, aquando do filicídio na forma de infanticídio ignora as mulheres, não organiza debates com os dois lados, toma claramente partido pela parte reaccionária e talibã; aquando da IVG mostra o importante: as mulheres; aquando do infanticídio impinge-nos, a toda a hora, o irrelevante: a Joana! A hipocrisia é manifesta! Pois se não teria mal algum, antes era um direito, remover ou eliminar a Joana há oito anos, quando estava dentro da mãe, só porque mudou de lugar e cresceu um pedaço passa a ser crime!!? Não fustiguem mais as portuguesas, pois se há vítima no filicídio ela é a mulher. A ANCLM não pode deixar de recriminar, também, a hipocrisia dos políticos que quando querem ganhar votos dizem que defendem legislação para descriminalizar as mulheres, mas agora que, como se vê, elas precisam mais, permanecem silenciosos, não têm iniciativas fracturantes, assobiam para o lado.
Não podemos senão insurgir-nos contra a Igreja machista que quer impor a sua confessionalidade a um Estado laico, pressionando a criminalização do filicídio.
Denunciamos também os movimentos anti-escolha que despoticamente obrigam as mulheres a serem mães. Se os seus militantes não querem cometer o infanticídio não o façam, mas não forcem os outros a renunciar ao seu direito de opção. Não se vê, aliás, qual é o problema da liberalização do filicídio, pois ninguém é obrigado a praticá-lo.
Regozijamo-nos com o apelo do senhor Presidente da República ao consenso. O que é preciso é combater as causas do filicídio a montante, porque todos somos contra o infanticídio, e não criminalizar as mulheres a jusante.
"
A questão é: será que estamos assim tão longe!?