A ESQUERDA E A DEMAGOGIA
Vale a pena ler o último artigo de opinião de Francisco Sarsfield Cabral publicado no DN, a propósito do recente referendo na Venezuela, demonstrativo da demagogia que grassa na Esquerda actual.
Chávez é um presidente nacionalista, autoritário e nada intelectual. Militar, falhou um golpe em 1992. Eleito em 1998, logo mudou a Constituição da Venezuela para limitar o poder do Parlamento. Em 2002 derrotou uma greve no sector petrolífero. Porque terá este homem a simpatia do PCP, de conhecidos intelectuais de esquerda, do Monde Diplomatique, de Fidel Castro? Antes de mais, há vários ódios comuns. À democracia «formal», representativa; à globalização; aos Estados Unidos (Bush responde-lhe na mesma moeda). E depois do colapso do comunismo a esquerda ainda não encontrou alternativa melhor ao capitalismo triunfante do que populismos antiliberais de que Chávez é um vistoso representante. Mas não promove ele políticas que beneficiam os pobres? De facto, graças a programas sociais, de alfabetização, saúde, etc., Chávez logrou mobilizar muitos marginalizados (dois terços dos venezuelanos são pobres). Só que isso não tem melhorado a economia nem a vida dos venezuelanos, cujo rendimento médio recuou a níveis de há cinquenta anos. Contribuiu, sim, para manter Chávez no poder. Como Jorge Almeida Fernandes escreveu no Público de terça-feira, ao contrário de outros populistas sul-americanos (como Perón ou Getúlio Vargas), Chávez não tem um projecto de desenvolvimento nem atraiu a burguesia nacional da Venezuela. Apenas distribui o dinheiro que a alta do petróleo neste momento proporciona. Não há investimento; a inflação e o desemprego estão em alta. Também não há segurança: os assassinatos quase triplicaram desde 1998. Nem sequer iniciou Chávez reformas «progressistas»: nos impostos, na propriedade da terra ou do petróleo. Só retórica, ou seja, populismo no estado puro. É isto a esquerda?
Eu diria que sim!
Chávez é um presidente nacionalista, autoritário e nada intelectual. Militar, falhou um golpe em 1992. Eleito em 1998, logo mudou a Constituição da Venezuela para limitar o poder do Parlamento. Em 2002 derrotou uma greve no sector petrolífero. Porque terá este homem a simpatia do PCP, de conhecidos intelectuais de esquerda, do Monde Diplomatique, de Fidel Castro? Antes de mais, há vários ódios comuns. À democracia «formal», representativa; à globalização; aos Estados Unidos (Bush responde-lhe na mesma moeda). E depois do colapso do comunismo a esquerda ainda não encontrou alternativa melhor ao capitalismo triunfante do que populismos antiliberais de que Chávez é um vistoso representante. Mas não promove ele políticas que beneficiam os pobres? De facto, graças a programas sociais, de alfabetização, saúde, etc., Chávez logrou mobilizar muitos marginalizados (dois terços dos venezuelanos são pobres). Só que isso não tem melhorado a economia nem a vida dos venezuelanos, cujo rendimento médio recuou a níveis de há cinquenta anos. Contribuiu, sim, para manter Chávez no poder. Como Jorge Almeida Fernandes escreveu no Público de terça-feira, ao contrário de outros populistas sul-americanos (como Perón ou Getúlio Vargas), Chávez não tem um projecto de desenvolvimento nem atraiu a burguesia nacional da Venezuela. Apenas distribui o dinheiro que a alta do petróleo neste momento proporciona. Não há investimento; a inflação e o desemprego estão em alta. Também não há segurança: os assassinatos quase triplicaram desde 1998. Nem sequer iniciou Chávez reformas «progressistas»: nos impostos, na propriedade da terra ou do petróleo. Só retórica, ou seja, populismo no estado puro. É isto a esquerda?
Eu diria que sim!